A Virtualização das Relações Sociais


Autenticidade & Transparência na Rede


A sociedade, através da introdução e progresso de novas tecnologias, transformou o mundo, derrubou distâncias e permitiu o acesso a uma quantidade de informação, maior do que aquela que conseguimos processar. Passamos, assim, a viver na era da globalização, onde através de um computador e da internet, podemos aceder à informação, produzida em qualquer parte do globo, no momento a seguir à sua divulgação, ou seja, quase instantaneamente. No entanto “sabemos que a tecnologia não determina a sociedade: é a sociedade. A sociedade é que dá forma à tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as tecnologias” (Castells, 2006). 

A rápida expansão dos computadores e materiais informáticos em conjunto com o acesso à Internet, criou o ambiente virtual, o ciberespaço, que segundo Lévy (1999) surge como um novo meio de comunicação que engloba um “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. 

Mas... e o ser humano? Também sofreu alterações? E as informações? São idóneas? 


O ser humano carateriza-se pela capacidade de adaptar-se aos diferentes desafios do quotidiano. O mundo virtual emergiu na nossa realidade como um “poder de transformação”, possibilitando ao homem metamorfosear a sua realidade num sonho, dando oportunidade de “sonhar acordado”.

[Fonte: https://play.google.com/store/apps/ 
details?id=com.WhoAmIBrazil]
Existem inúmeros locais que o permite (assumindo, por vezes, uma "vida" totalmente oposta à da sua identificação real), como por exemplo, alguns chats, SIMS, SL (Second Life) e outros, onde cada utilizador surge como um avatar, permitindo uma nova identidade, quer física, psicológica e moral. Nestes casos é muito difícil, ou praticamente impossível, verificar a autenticidade e transparência da informação revelada. Isso denota-se no caso das redes sociais, onde muitos preferem manter o anonimato, inclusive falsificar a idade, local de moradia, escolaridade ou o sexo, permitindo a ocorrência de casos de crimes virtuais como a fraude e falsificação de identidade e, em certos indivíduos, poderá desencadear
uma possível crise de personalidade. Segundo Silva (2002) poderemos "estar no limiar do surgimento de comunidades alternativas que usufruirão da liberdade de estar em rede, sem amarras espaciotemporais, nem políticas, nem raciais (afinal os bits não têm cor!!)"

Mas sim, há casos de transparência e autenticidade e verificamos isto, por exemplo, quando existe a necessidade de contato frequente com familiares que encontram-se distantes, descobrindo neste “mundo virtual” um meio rápido, acessível e eficaz de partilha de imagens, conversações e vídeos, servindo com forma de aproximação e acompanhamento ao longo da vida.

Atualmente ainda não é possível autenticar e validar a informação existente na rede (com exceção de algumas organizações governamentais ou bancárias, que no entanto não conseguem dominar completamente a mesma). A Internet contém uma infinidade de conhecimentos e conteúdos abertos, nestes casos penso que cabe a cada autor verificar a veracidade e autenticação dos meios que produz, de forma que os futuros utilizadores possam validar e, até mesmo, utilizar os mesmos como referências futuras.

Cada indivíduo deve ter a consciencialização, atitude e postura íntegra e correta, no uso das redes, sobretudo na aplicação e manuseio de informações de outros autores, respeitando os respetivos direitos, de forma a evitar o plágio e dar o exemplo de como deve gerir e partilhar informação na rede.



Não esqueçamos que “nada é o que parece ser”... 



Bibliografia:

Castells, M. (2006). A sociedade em rede: do conhecimento à política. In M. Castells & G. Cardoso (Coord.), A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política. Debates: Conferência promovida pelo Presidente da República (pp. 16-29). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

Lévy, Pierre (1996). O que é o Virtual?. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Editora 34. 1ª edição. 

Lévy, Pierre (1999). Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34. 1ª edição. 

Meirinhos, M. (2000). A Escola perante os Desafios da Sociedade da Informação. Encontro As Novas Tecnologias e a Educação. Bragança: Instituto Politécnico de Bragança. 

Silva, L. (2002). Implicações cognitivas e sociais da globalização das redes e serviços telemáticos. Aveiro: Universidade de Aveiro. Disponível em https://ria.ua.pt/handle/10773/4460

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